“[...]Pombada contava aos meninos de Corumbá sobre achadouros.

Que eram buracos que os holandeses, na fuga apressada do Brasil, faziam nos seus quintais para

esconder suas moedas de ouro, dentro de baús de couro.

Os baús ficavam cheios de moedas dentro daqueles buracos.

Mas eu estava a pensar em achadouros de infâncias.

Se a gente cavar um buraco ao pé da goiabeira do quintal, lá estará um guri ensaiando subir na goiabeira.

Se a gente cavar um buraco ao pé do galinheiro, lá estará um guri tentando agarrar no rabo de uma lagartixa.

Sou hoje um caçador de achadouros de infância.

Vou meio dementado e enxada às costas a cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos[...]”


Manoel de Barros